Estou em Monterrey, no norte do México, depois de uma viagem de quase 24 horas do Recife com horas de espera em São Paulo. E escala na Cidade do México. Fui bem acolhido pelo pessoal que organiza o encontro sobre educação de valores e também por alguns padres da arquidiocese que haviam ouvido falar de mim e queriam me conhecer.
Monterrey é um conglomerado de municípios que junta cinco milhões de pessoas. Uma cidade com um centro bem desenvolvido, metrô, viadutos, parques, edifícios altos, etc e uma periferia constituída de colonias - de casebres feitos de lata e eternit. Um dos padres me levou para conhecer a sua paróquia em uma das periferias. Região que me pareceu a do deserto de filmes de faroeste que assisti tantos. E ali ele lida com projetos de desenvolvimento, Muita gente vive do lixo. O narco-tráfico é muito forte e influente. Há gangues de adolescentes e até crianças. Hoje, um menino de doze anos foi assassinado por outros da mesma idade. Ele me mostrou a gravação no celular. Pelo que compreendi, dois meninos o interrogavam - não compreendi por que ou sobre o que - mas compreendi sim a voz de um dos meninos que de repente gritou: Matalo, Matalo! E o pobre foi ali mesmo quase degolado.
Que coragem desses padres e dessa equipe de voluntários trabalhar uma realidade como essa. Vi o carinho do padre com o pessoal na rua. E fiquei consolado quando ele me disse: A teologia que você desenvolve e o seu modo de compreender a fé e a espiritualidade nos ajudam muito. Graças a Deus. Se eu puder, quero ajudar mais.