Passei o dia hoje revendo um de meus livros, escrito desde anos e nunca publicado: Evangelho e Instituição. Reli por inteiro e mantenho tudo o que escrevi. Não sei se algum dia o publicarei, mas não mudei nada do que escrevi, em nenhum ponto. Quem sabe, lá no céu, o meu mestre de teologia, o padre Comblin me ajuda a descobrir uma editora leiga que aceite publicar. Ele tem certa responsabilidade nisso porque há uns três anos, leu os originais e me disse que gostou. E o livro foi escrito como que em uma conversa com escritos dele sobre esse mesmo tema. Ao reler o conjunto, me deparei com um fato novo: agora temos um papa que parece mais aberto e humano no plano do diálogo. Entretanto, a instituição não mudou nada e o fato de ter um papa mais simpático não pode fazer os cristãos perceberem que é imperativo uma volta ao Evangelho, ou volta às fontes como pedia o papa João XXIII ao Concílio Vaticano II, já há 50 anos.
Hoje li um artigo sobre o livro da escritora judia Hannah Arendt que escreveu "A banalidade do mal". Ali ela diz que toda a crueldade do nazismo foi cometida por pessoas que não eram monstruosas ou diferentes de nós, mas por pessoas que simplesmente renunciaram a pensar por si mesmas e se deixaram conduzir pelos que os guiavam. Se esses mandavam matar os judeus, eles o faziam sem pensar. É a banalidade do mal.
Ao ler isso, não consegui deixar de pensar que muitas vezes me deparo com gente assim, tanto no mundo, como na Igreja. Gente que não pensa e principalmente não aceita pensar por si mesma. E aí se torna executores neutros ou apoiadores ingênuos de comportamentos que nem sempre são claros e podem resultar em maldades. São como Pôncio Pilatos, lavam as mãos quando deviam assumir suas responsabilidades pessoais e se deixam conduzir como massa. Deus precisa de outro tipo de servidores/as, bem mais lúcidos/as e proféticos/as.