Índios
Ontem foi o dia em que, na memória dos lavradores sem terra assassinados em Eldorado de Carajás, PA, em 1996, celebramos o dia nacional da luta pela terra. O MST organiza ocupações e caminhadas em todo o Brasil. Amanhã é o dia nacional dos povos indígenas. Na Voz do Brasil, por acaso, (dentro de um taxi), escutei que uma recente pesquisa do governo revelou que em 80% dos municípios brasileiros, atualmente, tem algum grupo ou comunidade indígena registrada como tal. É muito mais do que pensávamos. E a situação desses índios (a maioria já integrados na sociedade e vivendo nas periferias) é péssima. Graças a Deus, muitos estão conseguindo voltar à sua cultura original e retomar a vida comunitária. Não como quem recua para o passado, mas como quem diante dos desafios de hoje, se abriga em uma cultura ancestral. Domingo no Rio fui com uma amiga ver o filme Xingu, do Cao Hamburger que está passando em todo território nacional. Os atores (José Miguel, Caio Blat e Filipe Camargo) que fazem o papel dos irmãos Vilas Boas são excelentes. As locações, os atores indígenas, a beleza do ritmo e das paisagens, tudo é muito bem feito. O filme é bom e positivo, mas para mim que conheci algumas daquelas aldeias e sei que a realidade mesmo atual do Parque Xingu não é nada tão garantido e positivo, saí do cinema sofrido. Afinal, aquilo que os irmãos Cláudio e Orlando Vilas Boas discutiam nos anos 50 e 60 que integrar os índios era pôr em risco as suas culturas e até suas vidas, continua ainda muito atual hoje. Basta ver o crime que é a hidroelétrica de Belo Monte nas terras indígenas (exatamente ao norte do Xingu) e a cultura extensiva da soja que ameaça todas as terras do Mato Grosso. Tomara que a sociedade brasileira se dê conta disso e se mobilize a favor dos índios e da terra.