Hoje, passei o dia inteiro, mostrando Recife a Clarinha, minha afilhada que veio de Goiânia passar esses dias aqui comigo, mas também conversando com São Paulo e suas cartas, tema do qual devo falar e coordenar um curso do CEBI na Paraíba nesse final de semana. Comecei a fazer perguntas a Paulo sobre em que tipo de mundo ele vivia. Como ele se situou nesse mundo e que posição tomou frente ao império romano. Tentei compreender as respostas de Paulo às minhas perguntas, me lembrando dos seus textos (textos que eu nem tinha comigo nesse dia. Apenas os tinha na memória). Quanto mais esses textos me vinham à mente, mais me dei conta de que como Paulo foi um profeta corajoso em contestar a ideologia imperial de Roma e a propor Jesus como Senhor e Salvador, títulos próprios do imperador romano. Comecei a relembrar os textos da carta aos coríntios e também aos colossenses sobre a ressurreição de Jesus e comecei a ficar com vergonha de como o cristianismo nosso é tímido e pouco comprometido.
Lembrei-me que há alguns anos, participei de um fórum mundial de teologia em Nairobi, no Quenia, em plena África. E convidaram um espiritual muçulmano para falar aos teólogos cristãos (nós). E o homem começou dizendo: "Eu não queria tanto falar para vocês. Eu quero só fazer uma pergunta: O que vocês fizeram com o Cristianismo e com o evangelho de Jesus para que o império norteamericano e os sistemas dominantes no mundo atual o aceitem tão bem?". Olhou para nós muito intensamente e insistiu: "Qual foi o milagre que vocês fizeram para tornar o Cristianismo palatável ao Capitalismo?". Ninguém respondeu nada, mas penso que quem escutou aquela interpelação nunca mais esqueceu. Hoje a recordação de memória dos textos de Paulo me fizeram sofrer de novo aquele questionamento e eu continuei sem saber responder.