Queridos irmãos e irmãs,
A sociedade em que vivemos está mergulhada em uma noite profunda. Essa noite, consequência do modo de organizar injustamente a sociedade, não é natural. Por isso, nesse caso, precisamos ajudar a que a aurora possa nascer. Nós, cristãos, cremos que no Natal, Deus fez isso com o mundo, ao manifestar-se para nós em uma pessoa humana (Jesus de Nazaré). Pelo seu modo de ser e viver, Jesus mostrou a presença divina em nós e no mundo, como fonte de amor solidário.
Conforme o evangelho, depois que, no meio da noite, os pastores de Belém viram os anjos e ouviram o anúncio do nascimento de Jesus, partiram para ver o que, de fato, acontecera. O anjo lhes dera um sinal: “encontrareis um menino recém-nascido, deitado em uma manjedoura”. E eles encontraram exatamente o que o anjo lhes tinha anunciado. Que contradição entre o esplendor do anúncio e a pobreza do que, na realidade, os pastores encontraram: uma manjedoura. Hoje, o Capitalismo removeu o Natal para os shoppings e transformou até a manjedoura em enfeite dourado da festa do consumo.
O evangelho do Natal nos chama de novo a refazer o caminho dos pastores e a ser testemunhas da presença libertadora divina nas manjedouras do mundo atual. É preciso testemunharmos que se faz Natal na Venezuela bolivariana, na resistência dos índios brasileiros contra o projeto de transferência dos processos de demarcação de terras indígenas para os legislativos estaduais. No meio da noite do mundo e na fragilidade das lutas, a Palavra Divina se faz carne e nós vemos o sinal de sua presença amorosa em nossas vidas. Reconheçamos isso também na nossa vida pessoal e nos sinais de amor e carinho de Deus para conosco.
É Natal. Alegremo-nos.
Com todo o carinho, desejo-lhe um Natal renovador e fecundo.