Na celebração deste Natal optei por estar mais com minha família (irmãs e sobrinhos) e ao mesmo tempo manter minha presença na chácara. Nem tudo sai como planejamos, mas isso faz parte do espírito de Natal - assumir a pobreza e o imprevisto da realidade.
O evangelho da noite de Natal sempre me impressiona pela diferença entre o que é anunciado (a boa notícia do nascimento de Jesus) e a realidade pobre da estrebaria de Belém. A missa do dia que celebrei com as irmãs franciscanas me chamou a atenção pelo evangelho - O verbo se fez carne - elementos que a tradição religiosa sempre viu como opostos - a palavra de Deus, o projeto divino e a carne, o mundo profano. Agora no Natal, Deus reconcilia uma coisa com a outra. E como no belo poema do "Morte e Vida Severina", diz João Cabral de Melo Neto - "porque uma criança entra pela janela da nossa vida".
Hoje, 26, faleceu em São Paulo, frei Gilberto Gorgulho, um dos nossos bons biblistas e companheiros de caminhada. Está com Deus. Que mistério essa mistura de morte e nascimento a mexer conosco.