Estou em Treviso, no norte da Itália. O frio é suportável (cinco graus) e também o ritmo de trabalho. Em geral, por onde passo, o tema que as pessoas escolhem é o mesmo. Pedem para falar sobre a encíclica Laudatum sii do papa Francisco e o que podemos fazer para deter esse caminho de destruição do planeta.
De fato, aqui na Europa se vê mais do que em outras regiões o derretimento dos montes antes gelados, o desequilíbrio das temperaturas e a sociedade que navega indiferente em meio a tudo isso. Ao mesmo tempo, a Igreja dividida. Tenho vindo à Itália, desde 1988 ao menos uma ou duas vezes ao ano. Comumente, as pessoas que vêm a um encontro ou conferência comigo já sabem a minha linha de pensamento e vêm porque concordam ou ao menos se abrem a essa perspectiva de ver o mundo a partir dos pobres e a fé em uma perspectiva ecumênica e ligada à vida. Dessa vez, em todos os encontros, seja onde seja, em Verona ou aqui, sempre, cada dia, têm sempre vindo aos encontros um pequeno grupo (dois ou três homens) de grupos lefrevistas ou de Opus Dei ou Comunhão e Libertação. E vêm para perturbar e provocar polêmicas. Em geral, sentam-se o mais na frente possível, durante a conferência, dão sinais de que não estão de acordo e quando se abrem as perguntas ou diálogo, se inscrevem e dizem as mesmas coisas: Jesus só fundou a Igreja Católica, as outras não têm razão de existir, o papa deve ser o chefe, deve condenar a Maçonaria, os problemas do mundo são espirituais e se eu cumprisse minha missão de padre - converter as pessoas ao Catolicismo - ecologia, justiça, tudo estaria bem melhor... Escuto, vejo a reação de impaciência do auditório, dou uma palavra sobre a aceitação da diversidade e o direito de termos opiniões diferentes e cito uma palavra de Jesus na direção contrária ao que eles disseram e pronto. Agradeço e passo adiante. Mas, o que significa isso? Não sou uma pessoa importante para que esses grupos decidam marcar a mim, como em um jogo de futebol se marca um jogador que é "acompanhado" para se neutralizar...