Estou em Belo Horizonte para um Congresso continental (da América Latina e Caribe) de Teologia. A primeira coisa boa é poder encontrar companheiros e companheiras que conheço há muitos anos e que, na luta da vida, desde anos e anos, não tínhamos ocasião de nos encontrar. Eu tinha encontrado Victor Codina (da Bolívia) em 1992, Pedro Trigo nos anos 80 e assim por diante. Gustavo Gutierrez também fazia muito tempo não estávamos juntos. E sentir a amizade desses irmãos me faz muito bem. O negativo é que me escolheram para ser um dos conferencistas do congresso. Primeiramente, acho um absurdo tendo aqui tantos mestres de primeira grandeza, pedirem uma palavra a mim. Em segundo lugar, tenho cada vez mais dificuldade de me situar no gênero conferência. Gosto muito mais do diálogo, do bate-papo, da conversa. Pediram-me o tema: "O Espírito Santo no meio dos movimentos sociais e nas comunidades de Igreja". Preparei um texto e hoje pela manhã, subi no palco para enfrentar o desafio. Na hora em que me deparei com aquele auditório de mais de 200 pessoas de todos os países e para ouvir minha palestra sobre o Espírito Santo, deixei de lado o texto e conversei de coração aberto sobre minha experiência pessoal e como tenho contemplado e experienciado o Espírito Santo em meio à caminhada das comunidades, na minha inserção nas comunidades de Candomblé e nas comunidades de base. Uma coisa simples, simples, sem novidades, mas de coração. Notei que todo mundo gostou. Talvez, o gesto de ter começado por tirar as sandálias, como sinal de comunhão com os filhos e filhas da terra, o fato de ter proposto que aquele momento fosse uma oração e o tom de conversa tenham ajudado. Depois, divulgarei o texto com vocês. Agora sim, vou voltar à sala para escutar as conferencias mais importantes que serão do Gustavo Gutierrez e Victor Codina, Depois eu conto mais.