Hoje sofri pessoalmente com a ferida da divisão entre as Igrejas. Aqui no mosteiro beneditino de Tournay, (sul da França), no mesmo dia em que cheguei, chegaram também doze irmãos e irmãs ingleses da Igreja Anglicana que vieram fazer aqui uma semana de retiro espiritual. Participam de todas as orações da comunidade. Hoje, o abade do mosteiro os convidou para fazerem a eucaristia anglicana. O bispo da diocese proibiu qualquer intercomunhão, quanto mais uma celebração comum. Na hora que seria da missa do mosteiro, os irmãos e irmãs anglicanos sentaram nas cadeiras do coro dos monges (mas esses não se misturaram. Foram para as cadeiras da nave da Igreja ) e o ambiente era de comunhão - os monges participaram dos cânticos em inglês e até repetiram as duas leituras retomando-as em francês. Mas, só os anglicanos podiam comungar. Tive muita vontade de me meter no meio deles e comungar, mas teria sido um gesto incompreendido pelos meus irmãos monges que os acolhiam, mas ao mesmo tempo, obedecem aos cânones atuais da Igreja Católica.
Era terrível ver que se encontram na vida, expressam juntos a fé quando se trata da palavra da Bíblia, mas justamente no momento da ceia de Jesus que é o sacramento da unidade, aí se dividem e não há comunhão. Lembrei-me do patriarca Atenágoras (patriarca de Constantinopla na época do Concílio) que pedia a Deus a graça de antecipar a comunhão na eucaristia.