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Conversa, quinta feira, 19 de junho 2014

Hoje, na Igreja Católica, é festa do Corpo e Sangue de Cristo. Já escrevi aqui que não sou a favor de festas dogmáticas feitas, inventadas na Idade Média, para combater hereges e impor ao mundo a fé da hierarquia eclesiástica. Essa festa de hoje tem exatamente essa origem. Apesar disso, poderia ser bem aproveitada. Por exemplo, o fato de celebrar o Corpo (de Cristo) poderia nos fazer meditar sobre o papel do corpo em nossa evolução humana e sobre o sentido de sermos concretos e reais em nossas opções de vida. Hoje, há muitas pessoas lutando contra o corpo. Desde pessoas que não aceitam a idade e maltratam o corpo para disfarçar até pessoas que descuidam do corpo em função do ganhar dinheiro. No mundo atual há muitos tipos de prostituição, seja os que vendem o corpo no comércio sexual, seja os que se prostituem na ciranda financeira das bolsas de valor e de empregos que são indignos, mas lhes dão dinheiro. 

O Evangelho dessa festa, tirado do discurso de Jesus em Cafarnaum (João 6) nos convida a "comer a carne de Cristo".  Os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, assim como Paulo, na carta aos coríntios,  falam do "isso é o meu corpo". João não fala do corpo (pessoa). Fala de "comer a carne". Isso é estranho, principalmente para a cultura judaica. Mas, significa "assimilar a humanidade dele", ser humanos como ele. 

Estou lendo um livro sobre o padre Theillard de Chardin, teólogo e paleontólogo francês que faleceu há quase 60 anos. E ele falava do universo como corpo e carne de Deus. Penso que hoje, na espiritualidade ecológica e holística, temos de nos reapropriar dessa sensibilidade e retomar esse modo de falar. Tudo em Deus e Deus em tudo.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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