Blog Aqui vamos conversar, refletir e de certa forma conviver.

​Conversa, quinta feira, 20 de junho 2013

Hoje, me pediram para escrever sobre os movimentos e manifestações populares que cobrem o Brasil inteiro. De repente, todas as capitais e cidades importantes têm multidões nas ruas protestando. Eu me neguei porque quero compreender melhor o que está acontecendo e não entrar em qualquer cilada. No início, era o movimento pela redução das tarifas de ônibus em São Paulo. E como sempre a imprensa (Globo, Veja, etc) estava contra as manifestações, mas, de repente, perceberam que essas poderiam servir como arma contra o governo que esses meios de comunicação odeiam e combatem. Então passaram a apoiá-los e a divulgar mais os protestos. 

Eu, ao contrário, no começo, vibrei ao ver essas multidões indo às ruas, como em outros tempos. E é claro se devo tomar posição, sempre tomarei do lado dos pequenos e dos que protestam contra o poder. Entretanto, como viajo pelo mundo todo e leio bastante, sei que essas manifestações de massa, do jeito que ocorreram no norte da África só serviram para levar ao poder governos mais retrógraos e fundamentalistas do que as ditaduras de antes. Na Espanha, há dois anos, fui visitar os indignados na Plaza del Sol em Madri. O que o movimento resultou? eleição de um governo de extrema direita. Espero que no Brasil seja diferente. No começo, era apenas o movimento pela redução da tarifa de ônibus. Agora se juntam movimentos pelo transporte gratuito, movimentos contra os gastos da COPA, movimentos contra a corrupção e assim por diante. 

Penso que o governo federal e os estaduais merecem esse protesto e  

devem aprender a respeitar e dialogar com os movimentos sociais organizados, mas o problema desses movimentos é que eles são espontâneos e ninguém coordena, ninguém se responsabiliza e não há com quem conversar. É importante que essas manifestações não sejam utilizadas pela direita para voltar aos velhos tempos. Sou crítico ao atual governo, mas à esquerda e não para fortalecer o classismo e a arrogância dos que sempre mandaram no Brasil e agora não querem ceder. Tomara que essas manifestações passem a ser não mais de massa e sim de um povo organizado em movimentos sociais, pacíficos e que tenham claro o que propõem e não apenas o que não querem. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

Informações