Conforme a tradição, 21 de abril do ano 546 foi uma quinta feira santa e nesse dia, Bento de Núrcia, monge e referência para os monges do Ocidente, entregou sua alma a Deus. Sabe-se pouco a respeito de sua vida. Um discípulo seu que se tornou depois bispo de Roma (Gregório) escreveu que era um homem que habitava consigo mesmo. E que propunha isso para todas as pessoas: habitar consigo mesmo, unificar-se interiormente. Para isso, escreveu uma regra para as pessoas que aceitam viver comunitariamente essa busca de Deus com totalidade (isso é, ser monges e cenobitas). Hoje, estou convidado pelas irmãs beneditinas de Caruaru, amigas minhas para falar aos professores do seu colégio sobre a espiritualidade beneditina e como ela pode se aplicar às famílias, hoje. Não consigo preparar muito uma conversa como essa a não ser quando me vejo concretamente diante das pessoas às quais devo falar. Terei de ver como falar de que toda espiritualidade é um caminho de evolução entre o ego (egocentrismo) e o outro. Raimon Panikkar, grande teólogo, dizia que a gente se torna cosmoteândrica, isso é une no coração e na vida, o universo (cosmos), a Deus (teo) e o humano (andros). Quem vive isso, com religião ou sem uma expressão religiosa, vive uma espiritualidade. Quem não faz esse caminho pode viver em uma instituição religiosa mas não é espiritual.