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Conversa, quinta feira, 23 de agosto 2012

Hoje, passei toda a manhã fazendo exames do coração e das veias da perna. E à tarde, escrevi três conferências para o retiro que eu deveria coordenar na diocese de Gunhães, MG, na próxima semana e não poderei ir porque devo ficar aqui para acompanhar a cirurgia de minha irmã. Escrevo sobre "retomar o primeiro amor", a palavra do Apocalipse e que é um apelo permanente para toda pessoa que busca uma vida espiritual. Acabei de ler o livro de Jung Mo Sung "Deus em nós" no qual, depois de criticar vários teólogos da libertação, ele me critica de passagem, mas em um assunto que ele tem toda razão e eu cometi mesmo um erro importante. Ele leu um texto meu no qual escrevo que quando amamos ou nos solidarizamos com o outro, o amor de Deus se manifesta em nós. Jung descobriu que por trás desse modo de falar tem uma visão como se o amor de Deus em nós fosse anterior à nossa solidariedade e quando somos solidários, esse amor divino se manifesta. E aí ele diz que isso é irreal. O correto é dizer que ao nos solidarizar, vivemos o amor divino. Estou de acordo que usei uma expressão infeliz. Gosto dessa perspectiva crítica que Jung sempre levanta. Ela nos ajuda a nos rever e a corrigir os enganos. Ele critica vários elementos comuns ao que ele chama de "cristianismo da libertação". Acho bom sempre confrontarmos para aprimorar a reflexão e nosso compromisso de fé e de amor. Tenho algumas dúvidas ou perguntas sobre pensamentos que ele levanta e quero discutir isso com ele. Mas, por enquanto, o importante é aprofundar mais a dialética da questão reino de Deus e sociedade. Nenhuma sociedade por mais perfeita que seja é etapa do reino que é transcendente, mas ao mesmo tempo, é importante que socialmente tenhamos sinais que indiquem e apontem para o reinado divino em nós e na humanidade. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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