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Conversa, quinta feira, 26 de abril 2012

Sistemas que mudam

Estou de volta ao Brasil. Hoje durmo na casa de Marcílio, meu irmão, em São Paulo e amanhã retorno a Recife onde me esperam vários compromissos. O impacto de hoje é a notícia de que o legislativo aprovou o novo Código Florestal, livrando de multa fazendeiros que desmatam e destroem a natureza. Que derrota para o povo brasileiro, para o planeta Terra e que vergonha para quem elegeu esses representantes da sociedade. Isso me lembra que há quase 40 anos, nesse dia de hoje (26 de abril de 1974), junto com Dom José Maria Pires, então arcebispo de João Pessoa e a irmã Maria Letícia, minha amiga, fomos detidos pela polícia política da ditadura militar na casa de Peggy e Henrique Cossard no Recife. Passamos quase o dia inteiro presos e sob a mira de fuzis. Fomos interrogados como subversivos e só nos soltaram porque não quiseram sofrer as consequências da repercussão internacional da notícia de que eles tinham preso um arcebispo. Lembro aquele acontecimento distante hoje para pensar: naquele momento ninguém de nós imaginava que a ditadura tão forte e prepotente, um dia, cairia em frangalhos. Do mesmo modo, hoje, nos entristecemos com esse testemunho mau que o congresso nos dá, mas isso não vai ser eterno nem durar muito. Temos de trabalhar por um novo tipo de democracia mais participativa em que as comunidades e movimentos populares possam dizer Não a tudo isso e sua voz valer como lei do país. Já é assim para alguns casos e em alguns países como Bolívia, Equador e Venezuela e pode ser para o Brasil. Eu espero muito nisso. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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