Uma boa iniciativa que temos no Nordeste é que cada ano um grupo ligado às pastorais sociais fazem uma Semana Teológica em homenagem e na memória do padre José Comblin, desde que esse partiu para o Pai (2011). Nesses dias, aconteceu a quinta dessas semanas teológicas com alguns dias de reflexão em algumas comunidades e setores de base e um encerramento com todos/as os/as participantes em uma livraria do centro da cidade. E dessa vez, o grupo pediu a mim para assessorá-los junto com um teólogo-irmão, homem de Deus, pastor da Igreja Batista. Nós falaríamos na manhã do encerramento do evento.
O tema dessa semana foi "Por uma Igreja serva da humanidade e da terra, nossa casa comum".
De fato, acordei de madrugada e fui de carro para essa cidade. Ao chegar no local, um dos companheiros presentes me contou que o arcebispo tinha mandado um recado para ele:
- Não dou permissão que Marcelo Barros fale na minha diocese.
Respondi ao companheiro:
- Não preciso da permissão dele nem de ninguém para falar em local público (uma livraria). Não é em uma Igreja ou sacristia ou convento. Ele é bispo, mas não é dono da cidade. Além disso, meu compromisso é com as comunidades pobres do povo de Deus.
Entrei, sentei-me à mesa com o pastor e fizemos o encontro durante toda a manhã que foi ótimo. O pastor salientou a herança que Comblin nos deixou em quatro pontos:
1 - Uma teologia inserida na realidade e com gosto de amor.
2 - a meditação e aprofundamento sobre o Espírito Santo.
3 - A missão da Igreja no mundo como serviço.
4 - A relação da Igreja com a ecologia e o cuidado com a criação divina.
Dialoguei com ele e com o grupo a partir desses temas. Achei melhor do que puxar outros assuntos e parece que todos gostaram. Voltei para casa revigorado ao sentir que aquela sala cheia de gente vibrava em retomar a proposta da Teologia e Pastoral da Libertação.
(Obs: Não citei aqui o nome da cidade e do arcebispo para ser justo com ele, já que escutei de uma terceira pessoa e não dele próprio essa história de ele ter pretendido me proibir de falar em sua diocese. Como não me interessa tirar isso a limpo, é melhor não continuar esse assunto. Na carta aos gálatas, Paulo escreve: Pouco importa a lei e os preceitos. Foi para que sejamos livres que Cristo nos libertou).