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Conversa, sábado, 19 de julho 2014

Hoje, meu dia foi marcado por dois acontecimentos importantes. O primeiro foi durante a tarde inteira o encontro do grupo da partilha, grupo que se reúne mensalmente na Igreja das Fronteiras, sob a inspiração de Dom Helder Câmara e até pouco amimado pelo padre João Pubben, que, na sua simplicidade se tornou mestre de todos nós. Hoje, o encontro foi justamente sobre como atualizar e viver na realidade atual a profecia de Dom Helder. Nas vezes em que assessorei o grupo, nunca tinha vindo à reunião um número tão grande de pessoas. Eram 33, me disse alguém a certa altura. E uma boa parte do grupo era gente jovem. Eu tinha escrito um texto provocador com algumas perguntas. Depois de uma breve introdução ao tema, feito por Assuero Gomes, as pessoas se repartiram em três grupos para discutir o que se poderia fazer: 1 - no plano da juventude e para reanimar a profecia no meio dos jovens. 2 - na própria Igreja das Fronteiras, como espaço de profecia. 3 - na atuação social e política. Agora vamos trabalhar as propostas para que se tornem mais concretas e o pessoal vote para que possamos realizá-las. De todo modo, o próximo encontro ficou marcado para o sábado, dia 09 de agosto e o tema será a reforma política e a preparação para o Plebiscito popular na semana da pátria. Gostei muito da reunião e saí com muita esperança de um profetismo comunitário.

Agora à noite, soube da partida definitiva do irmão e mestre Ruben Alves. Não tive muitos contatos pessoais com ele, mas os poucos que tive me marcaram muito. Ele foi um teólogo evangélico (presbiteriano) que a Igreja perseguiu e abandonou. Ele foi um dos pioneiros da Teologia da Libertação e poucas pessoas lembram disso. Expulso pela Igreja, dedicou-se à Filosofia, à Psicologia (teve um tempo que teve uma clínica e atendeu muita gente). Mas, principalmente foi um grande escritor. Parece que escreveu mais de cem livros, a maioria para adultos, mas alguns para crianças. Gostava de escrever  e escrevia muito bem. Era um grande literato. E um homem que sabia ser, ao mesmo tempo, poeta e profeta. Como Dom Helder foi. Ele faleceu hoje em Campinas, SP, aos 80 anos. Em seu testamento, pediu que em seu velório não houvesse falas nem rezas. Só leituras de poesias. Para que Deus quer oração melhor do que os poemas? 

É mais um amigo que, ao partir, lança sobre nós o seu manto de profeta e merece que nós continuemos sua missão.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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