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​Conversa, sábado, 20 de abril 2013

Estou em Juiz de Fora, para assessorar um encontro regional da pastoral carcerária. Reúne agentes de pastoral, pessoal que lida com o sistema de prisões e ex-presidiários de todo o estado de Minas Gerais e Espírito Santo (na CNBB, o leste 2). São mais de cem pessoas e um grupo muito heterogêneo. Pelo que me disseram, estão presentes até dois diretores de presídios que foram convidados. À noite, ontem, eu já comecei questionando o próprio nome de "pastoral carcerária". Jesus diz que veio libertar os prisioneiros. Pode então haver uma pastoral que seja evangélica e tenha como objetivo ajudar o preso a viver melhor como preso? Tentei ajudá-los a refletir que a sociedade precisa de prisões para manter-se como é, excludente e injusta e a Igreja ajuda a sociedade em acompanhar os presos a serem mais mansos e funcionais a essa sociedade. É claro que há pessoas que ameaçam a vida e a segurança da sociedade e não há como deixá-los soltos, mas temos sempre de analisar os problemas indo até sua raiz e não apenas o que a TV faz em programas como o Brasil Urgente do Datena que reforça preconceitos e discriminações sociais. 

Hoje trabalharei com eles o dia inteiro sobre "profecia a serviço da vida" (tema do próximo intereclesial) e a partir da pastoral carcerária que tem como critério três etapas ou dimensões de atuação: prevenir, acompanhar e depois ajudar na reintegração das pessoas. E no caso do Brasil, a imensa maioria de jovens e negros. 

Um dia inteiro assim é para mim um cansaço indescritível. Não tenho mais saúde para isso, mas como dizer Não? Tentarei descansar depois. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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