Rimini
"Jesus devia dar sua vida não somente pelo povo, mas para reunir na unidade todos os filhos e filhas de Deus dispersos pelo mundo" (Jo 11, 45 ss). Esse evangelho que hoje é lido nas comunidades sempre me marcou muito e reforçou minha vocação ecumênica e para que, mesmo com minhas muitas fraquezas, Deus faça de mim sempre uma pessoa que gera comunhão, ou seja, que una as pessoas. Hoje estou em Rimini, cidade á beira do mar Adriático, que foi a cidade do cineasta Fellini (como gosto de cinema e sempre amei muito os filmes dele), me sinto aqui como em um lugar meio mágico. Aqui participo e amanhã devo celebrar no congresso nacional de uma organização de solidariedade, a Rede Radie Resh (Radie Resh é o nome de uma menina palestina de 11 anos, assassinada por um soldado israelita) e essa organização cria relação entre grupos de cristãos da Itália e grupos do Terceiro Mundo que lutam pela libertação. Nesse encontro estão umas 140 pessoas, a maioria formada de casais. Conheço muitos deles porque já há anos acompanho esses grupos. O que me impressiona é que aqui na Europa egoísta e auto-suficiente há muito mais esse espírito de solidariedade do que comumente a gente encontra na classe média do nosso país. O Brasil tem tanta gente rica, mais rica do que esse pessoal de classe média (média mesmo) que encontro aqui. Mas, eu conheço bem menos iniciativas de solidariedade entre a classe média ou rica brasileira. Se houvesse, o MST não precisaria de apoio europeu. Poderia se sustentar só com a ajuda dos brasileiros que muitas vezes gastam seu dinheiro com tanta besteira e não vêem que seriam mais felizes se colaborassem com os acampados e com as cooperativas rurais e urbanas e assim por diante. Se ao menos nos meios cristãos ou de Igreja, isso fosse diferente. Se no lugar das procissões de Quaresma as pessoas fizessem procissões de solidariedade, como Deus iria ficar bem mais contente.