Comecei a ler um livro que há muito desejava aprofundar: "O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos". O autor é Alberto Acosta, pensador equatoriano, foi um dos ideólogos do início da chamada "Revolução Cidadã" no Equador e foi um dos responsáveis pelo plano de governo da Alianza País, partido encabeçado por Rafael Correa que ganhou as eleições para presidente em 2007 e deu início a uma série de transformações sociais no país. Alberto Acosta foi ministro do governo e foi quem dirigiu os trabalhos da primeira Assembleia Constituinte de todo o mundo que reconhece os direitos da Terra, direitos da Natureza e que coloca o Bem Viver como objetivo fundamental do Estado: garantir o Bem Viver para todos os cidadãos.
Já li e refleti muito sobre esse paradigma cultural e civilizacional do Bem Viver. Mas, agora, esse livro parece sintetizar bem como essa noção pode ser importante não apenas para as sociedades indígenas e sim para o mundo inteiro.
No primeiro capítulo, ele mostra como se trata de uma proposta que não é possível em uma lógica capitalista. E que de fato coincide com o eco-socialismo e com as propostas comunitárias de vários povos indígenas. Só é possível pensar em um real Bem Viver a partir da superação das desigualdade sociais, como também da descolonização e despatriarcalização da sociedade, assim como a superação do racismo, ainda profundamente enraizado em nossas sociedades. Também as questões territoriais requerem uma urgente atenção.
Para mim, o que me parece mais novo é a ideia de que a eficiência só é real se for sustentada na solidariedade.
O Bem Viver é uma filosofia de vida - um projeto libertador e tolerante, sem preconceitos nem dogmas. Visa construir sociedades verdadeiramente democráticas e comunitárias.
À medida que eu for lendo, vou repartindo com vocês algumas descobertas que faço nessa excelente leitura.