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Conversa, segunda feira, 06 de outubro 2014

Hoje, dia seguinte às eleições, acompanho o quanto posso o final das apurações. Tenho a impressão de que, embora o processo democrático ainda seja o melhor, aqui entre nós ainda ganha quem tem mais dinheiro e mais poder na mídia. Fico impressionado com o fato de que no Brasil inteiro os grupos de esquerda tenham ainda tão pouca expressão - o PSOL que cresceu mais a partir da última eleição ainda patina no quarto lugar e bem longe do terceiro. E no meu nordeste, continuam os mortos carregando vivos e os novos coronelismos se impondo sobre quaisquer outros argumentos. Nessas eleições, tive sinais de deputados da direita, hoje, reeleitos, comprando votos de pessoas pobres (nos morros de Casa Amarela, um deles chegou a pagar 30 reais por voto). E não consigo que as pessoas que têm prova disso aceitem denunciar.

Nessas eleições, fiquei impressionado com o ódio virulento e mesmo fanático de muitas pessoas contra o PT. Quase como se dissessem: voto em qualquer partido, menos no PT. Muitos dessas pessoas e grupos atacam o PT não por seus defeitos e erros que são muitos, mas justamente por suas qualidades e porque não aceitam as mudanças sociais (mesmo ainda tão limitadas) que os governos do PT trouxeram. Nesse sentido, se somam à Rede Globo, Veja, etc. Mas, também encontro pessoas e grupos que se desiludiram com o PT à esquerda e por motivos mais profundos do que mensalão e outras teclas batidas pela imprensa. Tomara que os candidatos que perderam e mesmo a Dilma sejam capazes de rever a política ecológica do governo, sua relação com os movimentos sociais, especialmente com os lavradores em sua luta pela reforma agrária e com os povos indígenas.

Hoje, deixo vocês com uma história da espiritualidade taoísta que me foi enviada pelo amigo Marcos Arruda: 

COMO LÜ TUNG PIN SE TORNOU IMORTAL

Lü Tung Pin recebeu do Imortal um saco de ouro.

- Você terá que carregar esta mochila cheia de ouro nas costas durante três anos sem deixá-la cair.

Lü Tung Pin carregou a mochila com o ouro sem falhar um só dia. Quando a trouxe para o Imortal, no final dos três anos, ouviu dele:

- Muito bem. Você cumpriu a missão. Abra a mochila para ver o ouro.

Mas não havia ouro, só pedras. Lü Tung Pin ficou impassível, não demonstrando surpresa ou ressentimento.

- Você não se importa de ter carregado pedras pensando que era ouro?

- Não, Mestre. Neste tempo eu aprendi do peso da mochila o que era preciso.

O Imortal o cumprimentou dizendo:

- Muito bem. Você passou também por esta prova. Então agora vou ensinar você a transformar pedra em ouro.

Lü Tung Pin coçou o cavanhaque ainda ralo e perguntou:

- Estas pedras, transformadas em ouro, durarão para sempre?

- Não, respondeu o Imortal. Em 500 anos elas voltarão a ser simples pedras.

- Então, como não quero enganar as pessoas que estarão na Terra daqui a 500 anos, prefiro não aprender a transformar pedras em ouro.

O Imortal retrucou, admirado:

- Você passou pelas três provas, mostrando ter conquistado três virtudes: a perseverança, a equanimidade e o amor incondicional à Humanidade. Assim, se tornou um Imortal. Venha, pois, vamos juntar-nos aos outros Imortais.

- Iremos todos para a Imortalidade? perguntou candidamente Lü Tung Pin.

- Não, só você.

- Então prefiro não ir. Ou vamos todos ou então fico com os que ainda precisam conquistar a Imortalidade.

Gratificado, o Imortal ajoelhou-se diante de Lü Tung Pin e exclamou:

- Lü Tung Pin, de agora em diante você é o meu Mestre!

Todo o ensinamento taoista não é de desejo de poder, é de coração!!!

Querer poder é querer atalhos. Na espiritualidade taoísta não há atalhos.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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