Um amigo me pede para um livro coletivo um artigo sobre os 40 anos da Teologia da Libertação. Escrevo sobre como essa teologia nasceu a partir dos movimentos de base e da participação dos cristãos nas lutas sociais e políticas dos anos 60 e 70. Conto como a Teologia da Libertação influenciou os movimentos sociais e políticos e a própria luta revolucionária na Nicarágua, em El Salvador e em tantos outros lugares. Lembro como nos anos 80 houve um grande diálogo e aproximação entre Cristianismo e Socialismo. E como tudo isso foi posto em crise pela intervenção do Vaticano nas dioceses latino-americanas e depois pelo fim do Comunismo real no Leste Europeu. Toco em como nos anos 90, lutamos até que conseguimos revitalizar a Teologia da Libertação através de teologias contextuais como a teologia negra, a índia e a feminista... Além da eco-teologia. Mas, para mim, o desafio maior da teologia da libertação hoje é voltar às bases, ou seja, ajudar os teólogos e teólogas a inserir-se novamente nos movimentos e não ficar presos à Academia. Além disso, concretamente abrir-se hoje ao processo bolivariano, emergente em diversos países do continente. Hoje tive a alegria de receber um email do velho Ernesto Cardenal, ex-ministro da Nicarágua e poeta, que com seus quase 90 anos, me pede um exemplar do livro "Para onde vai Nuestra América". Também tive o desafio de ser convidado para um encontro mundial sobre espiritualidade e política no México. Descobri que do Brasil eles convidaram a companheira Marina Silva e eu. Não sei se poderei aceitar. Se for para falar sobre bolivarianismo farei tudo para ir.