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Conversa, segunda feira, 10 de março 2014

Hoje, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, por ocasião da 78a Caravana da Anistia, realizada dessa vez no Recife, decidiu (não sei realmente por que e nem por indicação de quem) prestar uma homenagem a mim - como diz o documento - diploma que me deram: "pela destacada atuação na luta em prol da democracia e contra a opressão promovida pelo golpe de 1°de abril de 1964. 

De fato, como jovem que eu era, fui sempre dos que foram contra a ditadura - ajudei presos políticos, acolhi e abriguei pessoas perseguidas e eu mesmo vivi e  sofri dois incidentes e momentos de detenção e ameaça à minha integridade física - mas de modo algum me considero das pessoas que mereceriam essa homenagem. Tanto que não tive coragem de ir à sessão para receber. 

Não avisei a ninguém, nem da minha família, nem amigos. Na hora marcada (14 h), tinha já previstos exames médicos. Dei isso como desculpa e pedi a meu amigo Pedro Lapa para me representar. Depois fiquei me incriminando por não ter sido suficientemente delicado com as pessoas que quiseram me homenagear, principalmente o professor Pedro Abraão e a minha amiga irmã Suely Bellato, presidente e vice presidente da Comissão. De todos os modos, pela manhã, eu estive no Congresso deles e passei à tarde, depois da hora em que me homenagearam. E aceitei o diploma não por que me sinto merecedor, mas para merecer e para me comprometer a radicalizar cada vez mais em minha vida a opção pelos empobrecidos e a luta pacífica pela justiça.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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