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Conversa, segunda feira, 12 de maio 2014

Ontem, almocei com Aleida Guevara, a filha mais nova do Che, que continua trabalhando em Cuba como médica de família. Desde 2007, que não nos encontrávamos. A última vez foi em Caracas no fórum social, quando fomos eu e ela convidados para estar na mesa com o presidente Chávez no seu encontro com os movimentos sociais. Ontem, ela me mostrou fotos de seus dois irmãos (Ernesto e Camilo) e de suas duas filhas. E entre as fotos, havia uma na qual seu pai a tomava nos braços quando ela era bebê. Che estava com a famosa boina negra que sempre o acompanhava e tinha a expressão que conhecemos nas fotografias que se espalharam dele pelo mundo.

O que mudou desde aquele tempo? 

A pobreza no mundo aumentou. O número mais recente do Le Monde Diplomatique diz que da década de 90 ao ano 2008 o número de pobres vivendo na pobreza absoluta na América Latina dobrou de 120 milhões para 240 milhões. E os únicos países onde isso não se deu (o aumento da pobreza) não por acaso foram Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia. Na América Latina, o país que mais conseguiu diminuir a desigualdade social, segundo dados oficiais da ONU, foi a Venezuela. Por que então tanta gente acha que o socialismo está superado e mesmo as lutas políticas parecem não ter mais sentido?

Sem dúvida, os métodos devem mudar. O mundo hoje globalizado é outro. Hoje, a justiça social e o bem viver têm de ser conquistado por uma democracia popular mais real e que de fato se torne uma espécie de cosmocracia, uma organização do cosmos e não somente do povo. 

Se lutamos por isso, estamos honrando o martírio do Che e tornando eficaz o motivo pelo qual ele deu a vida.

Aleida está passando na Europa para uma campanha de solidariedade a Cuba. Conversamos sobre o MST que ela e eu acompanhamos. Ela virá ao Brasil em outubro para passar em alguns assentamentos e comunidades de lavradores. Vamos tentar nos encontrar mais. No entanto, ela tem razão de que o mais importante é sabermos que estamos juntos na mesma luta na solidariedade aos mais pequeninos do mundo.   

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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