Ontem, domingo, festa da Ascensão, passei o dia inteiro em um retiro com um grupo de leigos da Casa da Solidariedade, aqui em Quarrata, na Toscana, diante dessas belas colinas que antecedem os Apeninos e que nesses dias de primavera estão verde e cobertos de todo tipo de flores.
Gostei de ver que esses irmãos e irmãs, (a maioria já da minha geração, isso é, maiores de 60) continuam interessados em fazer comunidade, viver uma vida comunitária como profecia do evangelho. Com todas as dificuldades que isso significa em um mundo individualista e que valoriza o descartável e não as relações mais estáveis e profundas.
Celebramos a Ascensão de Jesus não como uma "subida ao céu", como se se tratasse de um lugar, mas como o fato de que Deus assumiu em Jesus nossa humanidade e nós podemos sim evoluir, nos transformar, nos divinizar - em Jesus ressuscitado, mesmo nossas fragilidades - se podemos chamar assim nossas dificuldades de caminhar para uma amorização cada vez maior, tudo isso é assumido por Deus e planificado por ele. Que maravilha de boa notícia e de perspectiva...
É claro que, para mim, o fato de falar dessas coisas e ser levado a meditar sobre a comunidade não só como fato sociológico, mas como mistério de fé e profecia no mundo de hoje me toca profundamente, me faz rever meus fracassos nesse campo e reviver de certa forma minha vocação cenobítica como monge beneditino.
Uno-me a todas as comunidades que nesses dias fazem a novena do Espírito Santo e pedem um novo Pentecostes para as Igrejas cristãs (começamos hoje a semana de orações pela unidade dos cristãos) e também para esse mundo dividido e fragmentado. Que Deus nos dê o Espírito para vivermos nele a unidade e a paz.