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Conversa, segunda feira, 22 de junho 2015

Ontem na cordilheira dos Andes, era a noite da festa do Inti Rami, o deus sol. Em todas as aldeias indígenas, celebrava-se a natureza e a relação do ser humano com o sol, a terra, a água e todo o universo. Hoje, consegui ler toda a nova encíclica do papa Francisco sobre a ecologia. E a li sempre a partir dos pobres e a partir da realidade latino-americana. Fiquei contente que em muitos pontos do texto, eu não sabia se estava lendo um texto do papa ou de algum livro do meu amigo Leonardo Boff ou de organizações como a Via Campesina e o MST.

Por saber como o papa recebeu pressões tanto de políticos, como de empresários, como mesmo de cardeais para não condenar o sistema capitalista, fico impressionado com a liberdade com a qual ele constrói sua reflexão: na linha latino-americana do ver, julgar e agir e também como Ecologia Integral e não separando o ambiente da questão social e política.

Minha experiência na Igreja me leva a pensar que quando um papa escreve um documento conservador e fechado, no dia seguinte, todos os padres e bispos o estão praticando e citando em voz alta. Quando um papa faz um texto aberto e em diálogo com o mundo, é solenemente ignorado e sempre que possível esquecido. Tomara que com esse texto agora não aconteça isso. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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