Cheguei na Cidade do México no sábado à noite. Viagem cansativa e tensa. As irmãs que deveriam me buscar no aeroporto não tinham o número do voo correto (trocado pela companhia aérea de última hora) e nos desencontramos. Eu não tinha nem endereço nem telefone de ninguém a quem recorrer. Depois de esperar mais de uma hora, decidi tomar um taxi e pelas indicações que eu tinha, cheguei na casa delas. Fui muito bem acolhido.
Ontem (domingo), viajei a Cuernavaca (duas horas de viagem) só para estar com uma irmã idosa que durante toda a sua vida inseriu-se na missão com os índios e pessoas mais pobres. Fiz questão de tomar esse dia apenas para estar com ela e lhe dar o testemunho de amizade que ela precisa e merece.
À noite celebrei com as irmãs da casa central das beneditinas daqui. Uma celebração simpática. Cantam muito bem. A missa proposta por elas era do dia mundial das missões. Tentei refletir com elas a mudança de perspectiva necessária para a missão. Não de ir para levar uma doutrina ou mesmo a fé e sim para testemunhar o amor divino já presente no meio do povo e em todas as culturas.
Hoje tomei a manhã para visitar e orar na basílica de Guadalupe. De um lado, me emociono com a fé do povo e as expressões de piedade que, a cada dia, se vê ali. E um lugar, onde por tantos séculos, tanta gente ora, tem uma energia especial e incrível. Do outro lado, sofro ao ver que os padres poderiam fazer mais. Apoiar a religião popular e testemunhar o evangelho libertador de Jesus. Mas, quem sou eu para julgar?
Vi que no imenso pátio da basílica, construíram agora um novo conjunto com salas e até mercado e tem uma placa que diz: doado pela fundação Carlos Slim. É um dos homens mais ricos do mundo e talvez o mexicano mais rico. E doou isso. Espero que não a troco do silêncio da Igreja com relação a certos de seus negócios.
Fiz minha oração, evitei a ala do mercado e voltei.