Hoje é o 13° aniversário da páscoa de Dom Hélder Câmara. A arquidiocese celebrou essa data, com uma cerimônia de trasladação dos restos mortais de Dom Hélder, Dom Lamartine, seu auxiliar e o padre Antônio Henrique (assassinado pela ditadura militar em 1969). Eles receberam túmulos um ao lado do outro em uma capela da Sé de Olinda. Participei da missa celebrada pelo arcebispo Dom Fernando e concelebrada por muitos padres e religiosos. A Igreja estava cheíssima e as autoridades políticas estavam presentes porque ali a Comissão estadual da Verdade assumiu como compromisso investigar o assassinato do padre Henrique e do jovem estudante Marcelo Santa Cruz.
O arcebispo Dom Fernando fez uma homilia bonita e claramente profética. Mas, ele tem de se inserir em um contexto eclesiástico que ele encontrou aqui no Recife.
No tempo de Dom Hélder, havia uma diversidade de linhas e certos embates nos ambientes de Igreja. Mas, eram confrontos claros e explícitos. Hoje, uma celebração como essa mostra uma maioria muito conservadora e nostálgica da Igreja medieval e uma minoria insatisfeita e meio perdida. Mas, não há mais debate nem diálogo. Simplesmente se faz de conta que está tudo bem. Há um certo cinismo nessas posições - às vezes, eu gostaria de no meio de uma missa assim gritar bem alto e como alguém que tivesse sofrido um acesso de loucura: O que está por trás dessa pompa eclesiástica? Que modelo de Igreja esse tipo de celebração significa?
Tenho a impressão de que alguns jovens vivem isso de forma folclórica e superficial. Nem são conservadores profundos. Simplesmente é mais interessante dar uma de conservador. Que Deus nos acuda e liberte!