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Conversa, segunda feira, 30 de junho 2014

Dia de visita a irmã Agostinha em João Pessoa e aprofundamento do difícil aprendizado do entregar o tempo da gente ao outro/a. Não adianta a cabeça fervilhar de recordações sobre textos a entregar hoje ou amanhã, mensagens urgentes a enviar, coisas de saúde a resolver, remédios a buscar, etc... O importante é o momento atual. O ontem e o amanhã não existem. E preciso retomar a espiritualidade da bênção, ou seja, dizer o bem (benção - bem dição). Dizer não apenas com as palavras, mas com os gestos e toda a postura da vida: ser positivo, olhar positivamente e com aprovação (dizer o bem) as pessoas e a vida em geral, mesmo com seus problemas e questões. Ser instrumento de bênção para os outros. A carta de Pedro diz: Vocês receberam a vocação de abençoar. A bênção é nossa vocação. 

Encontrei um poema do Manoel de Barros, velho poeta do Pantanal Matogrossense (aos 94 anos, talvez, o maior poeta brasileiro vivo). Chama-se 

         "As bênçãos". 

         

         Não tenho a anatomia de uma garça 

         para receber em mim os perfumes do azul

         mas, eu recebo. 

         É uma bênção. 

     

         Às vezes, se tenho uma tristeza, 

         as andorinhas me namoram mais de perto, 

         fico enamorado. 

         É uma bênção.

         Logo dou aos caracóis ornamentos de ouro

         para que se tornem peregrinos no chão.

         Eles se tornam, 

         É uma bênção. 

         Até alguém já chegou de me ver 

         passar a mão nos cabelos de Deus, 

         Eu só queria agradecer". 

Pois é. Que Deus nos faça capazes de agradecermos e de reconhecermos sempre as inúmeras bênçãos que recebemos no dia a dia da vida, na beleza das pessoas e coisas que nos cercam e nos momentos felizes em que chegamos a "passar a mão nos cabelos de Deus". E  ele nos deixa fazer isso. É uma bênção! E das grandes! 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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