Dia de visita a irmã Agostinha em João Pessoa e aprofundamento do difícil aprendizado do entregar o tempo da gente ao outro/a. Não adianta a cabeça fervilhar de recordações sobre textos a entregar hoje ou amanhã, mensagens urgentes a enviar, coisas de saúde a resolver, remédios a buscar, etc... O importante é o momento atual. O ontem e o amanhã não existem. E preciso retomar a espiritualidade da bênção, ou seja, dizer o bem (benção - bem dição). Dizer não apenas com as palavras, mas com os gestos e toda a postura da vida: ser positivo, olhar positivamente e com aprovação (dizer o bem) as pessoas e a vida em geral, mesmo com seus problemas e questões. Ser instrumento de bênção para os outros. A carta de Pedro diz: Vocês receberam a vocação de abençoar. A bênção é nossa vocação.
Encontrei um poema do Manoel de Barros, velho poeta do Pantanal Matogrossense (aos 94 anos, talvez, o maior poeta brasileiro vivo). Chama-se
"As bênçãos".
Não tenho a anatomia de uma garça
para receber em mim os perfumes do azul
mas, eu recebo.
É uma bênção.
Às vezes, se tenho uma tristeza,
as andorinhas me namoram mais de perto,
fico enamorado.
É uma bênção.
Logo dou aos caracóis ornamentos de ouro
para que se tornem peregrinos no chão.
Eles se tornam,
É uma bênção.
Até alguém já chegou de me ver
passar a mão nos cabelos de Deus,
Eu só queria agradecer".
Pois é. Que Deus nos faça capazes de agradecermos e de reconhecermos sempre as inúmeras bênçãos que recebemos no dia a dia da vida, na beleza das pessoas e coisas que nos cercam e nos momentos felizes em que chegamos a "passar a mão nos cabelos de Deus". E ele nos deixa fazer isso. É uma bênção! E das grandes!