Por falar em símbolos
Li nos jornais que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul retirou de sua sede o crucifixo que havia na parede, obedecendo ao pedido de uma ONG e para significar que o Brasil é um país leigo e não religioso. Li também na internet que algumas pessoas e entidades de Igreja Católica protestam contra isso. Pessoalmente acho isso um motivo superficial demais para se lutar. De um lado, concordo que em um país leigo e de todos (crentes e ateus), é melhor evitar símbolos de uma religião. E o crucifixo ali nem representa todos os cristãos. Pessoalmente, acho que Jesus deve ter ficado até feliz de ter tirado dali sua imagem para não misturá-la com uma justiça que nem sempre vai além do sistema socio-econômico desigual em que vivemos e nem sempre percebe a distinção que no nosso país existe entre o justo e o legal. É preciso que o legal seja o que é justo. Nesse sentido foi bom tirar o crucifixo.
O que não posso concordar é com essa concepção de um laicismo que ignora ou elimina as diferenças e as riquezas da diversidade. Sou contrário aos países europeus que proíbem as mulheres islamitas usarem o véu em público (não proíbem as freiras saírem às ruas vestidas de hábito religioso. Por que? Só não podem as muçulmanas?). Se eu fosse decidir um assunto como esse no tribunal de justiça, eu faria o contrário. No lugar de retirar o crucifixo, eu faria uma exposição de símbolos na parede: a estrela ou o candelabro judaico, a meia lua islâmica ou uma página do Corão, um símbolo de Orixá do Candomblé e se os ateus tiverem um símbolo que queiram colocar lá, eu poria também... Aí sim creio que a interculturalidade e o pluralismo conviveriam melhor em uma sociedade leiga.