Hoje, em toda a América Latina, as comunidades católicas celebram a festa de Nossa Senhora de Guadalupe. Essa crença mistura a devoção a Maria, mãe de Jesus com a fé em Tonantzin, a deusa asteca que representa a mãe e protege os índios em suas aflições. Essa síntese foi importante na época da conquista (em que o Catolicismo se impôs como religião obrigatória e as religiões indígenas perseguidas). Hoje ainda, os índios continuam com suas crenças e devoções, agora sincretizadas no culto de Maria. A Igreja oficial não compreende e muitas vezes ignora ou até condena.
Para muita gente, a imagem dessa moça grávida que teria aparecido ao índio Juan Diego em 1530 é a imagem feminina de Deus e trouxe para os oprimidos uma esperança e força no meio de seus sofrimentos - força de resistência cultural e de unidade.
Nem sempre é fácil ver nas expressões de piedade indígena ou afrodescendente uma sabedoria profética, mas lemos no evangelho que Jesus disse: "Eu te agradeço, Pai, porque revelaste os teus segredos aos mais simples e pequeninos e os escondeste aos grandes e entendidos do mundo" (Mt 10, 25 ss).