Hoje, no taxi que me levou ao aeroporto, o motorista me contou as dificuldades da vida dele, a revolta que sente com as injustiças estruturais que continuam vigentes na sociedade e ele concluia:
- A única solução é uma revolução e se não for pelas armas e com pena de morte para esses monstros que são responsáveis pela miséria e pela injustiça, não mudaremos nunca nada.
Fiquei espantado de encontrar em um homem simples do povo tal consciência social e política revolucionária. Ele afirmava com uma precisão incrível o mal que faz ao Brasil a Rede Globo de Televisão, a desonestidade da maioria dos políticos de direita e como o PT, principalmente Lula e Dilma traíram as pessoas que depositaram neles esperança de transformação profunda. Falava contra as privatizações de hospitais públicos e de aeroportos e estradas.
Tentei conversar sobre o que está ocorrendo na América Latina, o bolivarianismo. Isso ele me deu a impressão de não saber. E tentei mostrar que a revolução é sim necessária e urgente, mas através de meios democráticos e não da luta armada (essa além de inviável, é contraproducente e não muda estruturalmente as pessoas). Tentei passar a esperança que tenho de mudanças profundas e ele me perguntou:
Ao ver tudo isso que está aí tão ruim, de onde você consegue tirar esperança? Qual é o poço de onde bebe essa água da esperança?
E mesmo sem dizer quem eu sou (ele não perguntou e se eu dissesse, poderia criar um afastamento entre nós, uma distância), eu lhe respondi:
Da fé. Minha esperança vem da fé que eu tenho em Deus, no ser humano e na energia do amor na vida humana.
Não sei se ele aceitou isso, mas me agradeceu.