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Conversa, sexta feira, 15 de julho 2016

 Aldeia em Camaragibe - com meus amigos Ricardo e Malu. Dormi mais do que o normal. Parece que o organismo retoma o seu ritmo e o estômago esquece as horas passadas ontem em aeroportos e o desgaste de uma viagem de Recife a Porto Alegre para ir lá, dar uma palestra e voltar correndo - passando de 30 graus a sete ou oito e de novo retomar o calor do Nordeste. 

De todo modo, gostei de ter participado do 9o Congresso Marista de Educadores Sociais. Antes de mim, falou Jorge Trevisol,  psicólogo e showman. Ele fez um show no qual cantou, contou histórias e falou sobre espiritualidade. Comunicou-se de forma simples e direta e todos gostaram. Eu tinha de entrar logo depois. Pedi que ele continuasse comigo e assim conseguimos integrar bem uma conversa na outra. Pedi permissão para me basear no mestre Paulo Freire e fiz questão de protestar contra o fato do seu nome estar hoje sendo atacado por esse governo. Como me pediram para falar da educação e espiritualidade nesse atual contexto social, perguntei em qual? O do golpe parlamentar brasileiro.... É preciso dar o nome aos bois...  Alguém gritou do balcão e alguns fizeram coro: "Não vai ter golpe". Comentei: Já teve. O que podemos agora fazer é reagir e não deixar que ele se perpetue... Aí de novo vem a proposta de Theodor Adorno: a educação contra a barbárie... A barbárie dos meios de comunicação que desenformam e alienam... A barbárie de uma sociedade que considera como normais a desigualdade e a injustiça. 

Nas perguntas que vieram depois, pude ainda pedir justiça e atenção amorosa às religiões de matriz afrodescendente. 

A única crítica que não pude fazer (não tinha tempo para explicar melhor) era a proposta de uma espiritualidade menos auto-centrada na própria instituição religiosa e mais bíblica, ou mais jesuítica (centrada em Jesus) e não exclusivamente na figura mítica de Maria... Mas, isso é outra conversa e fica para outro dia...

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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