Nesses dias, continuo minha peregrinação por várias cidades do norte da Itália. Em geral, a cada noite, tenho sido acolhido e falo a uma comunidade, em um lugar diferente. Algumas dessas comunidades são grupos paroquiais. Outros estão ligados a movimentos sociais. Apesar de gostar muito dessa missão de encontrar pessoas e sentir que as animo em seu caminho, preferiria aprofundar mais a relação com uma ou outra comunidade, mas o próprio estilo de encontros, em cada noite em uma cidade, não me permite isso. Também preferiria ter um tema único ou mesmo conversar (dialogar) sem um tema preciso. Seria melhor partir sempre da realidade de cada grupo, mas acho que me julgam um intelectual e, por isso, devem pedir temas genéricos.
Dessa vez, alguns grupos escolheram: "Do medo à esperança, um itinerário de libertação". Em outros lugares, o tema escolhido foi: "O caminho interior e social para a Liberdade". Em uma das comunidades, me pediram de tratar o tema: "Ecologia e Espiritualidade".
Penso que os temas mais importantes não são expressos. São as dúvidas e anseios que estão no coração das pessoas e, mesmo sem explicitar, eu devo ajudá-los a tratar: como superar o individualismo dessa cultura, como ver alternativas à sociedade de consumo e assim por diante.
Hoje, visitei uma amiga italiana de muitos anos que conheci em São Félix do Araguaia. Maria Luíza tem agora 86 anos e vive sozinha como eremita em uma cidadezinha perto de Bolonha. Uma pessoa impressionante no sentido de testemunha do amor divino. Ela se recorda do Brasil com muito carinho e guarda um profundo senso crítico em relação ao sistema de poder do mundo e da Igreja.
Deus a fortaleça e a mantenha por muito tempo entre nós.