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Conversa, sexta feira, 16 de janeiro 2015

Estou espantado com o nível de violência com a qual a sociedade francesa tem tentado responder aos ataques terroristas que ocorreram nesses dias em Paris. Ao ver a série de fatos relatados, não consigo deixar de ver que esses ataques serviram maravilhosamente para o sistema opressor legitimar sua repressão, o sistema de armas e o controle brutal sobre a sociedade civil.

Ninguém de bom senso é a favor de matanças como foram perpetradas por terroristas que se dizem islâmicos. No entanto, aceitar a declaração de guerra contra o Islã como religião ou os árabes como cultura é o melhor modo de mostrar que eles tinham razão. A Veja tem todo direito de ser de direita e não é a primeira vez que distorce os fatos para advogar a causa do império. No entanto, colocar na capa o apelo "Às armas, cidadãos!", independentemente de ser uma citação do hino nacional francês, é uma propaganda da guerra e do militarismo que nunca resolveu nada quanto à segurança. Quanto mais o mundo foi se armando e mais repressivo se tornou, também menos seguro. Só a justiça social e a igualdade garantiriam a segurança social tão desejada.

Hoje, recebi o aviso do MST Nacional de que eles querem me dar um prêmio por "mérito à defesa da terra" (Não me lembro o título que me falaram por telefone). Infelizmente, marcaram isso para um encontro nacional que será no sábado 24 no qual devo estar em um encontro da pastoral da juventude em Manaus.

Mas, o próprio fato deles pensarem em mim para tal prêmio já me conforta. Embora não me sinta merecedor, o recebo para merecê-lo. E digo de coração que o melhor prêmio que recebo é o carinho dos irmãos e irmãs, companheiros do MST aos quais procuro servir desde a fundação do movimento. Eles são minha alegria e meu orgulho de vida. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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