Acabo de chegar de um bairro bem popular (UR 7 na Várzea), onde, junto com irmãos e irmãs de várias tradições espirituais, participei de uma reunião extraordinária do Fórum Diálogos para a Diversidade Religiosa, organismo do Ministério Público de Pernambuco. Fizemos essa reunião especial e em um bairro de periferia para nos solidarizarmos e levarmos nosso apoio fraterno a uma casa de Candomblé que sofreu um ataque (jogaram na porta uma bomba de fabricação caseira) de crentes pentecostais fundamentalistas. E o babalorixá foi ameaçado de morte.
Chegamos pelas duas da tarde. Éramos umas 15 pessoas, sendo duas da Polícia Militar de Pernambuco, uma pastora anglicana, uma budista, dois representantes de outras casas de Candomblé, uma professora da Rede Pública responsável pelo ensino religioso não confessional e alguns jovens. O encontro foi principalmente o momento de escutar o desabafo e a narrativa do pai de santo sobre o que está sofrendo na casa, que é uma casa pobre de bairro, sede de um Candomblé.
Saí de lá às 17 horas, contente por ter dado esse sinal do amor divino aos irmãos de outra tradição espiritual, mas triste, antes de tudo, por ser o único padre católico que foi para esse encontro, e em segundo lugar, porque a ideia que aquelas pessoas de Candomblé estão recebendo do evangelho é muito negativa. Eles dizem que os tais crentes que os acusam gritam no meio da rua que o Deus da Bíblia é vingativo contra seus inimigos e que quem adora os demônios deve ser perseguido...
Sugeri que cada pessoa ali presente representante de uma Igreja ou religião peça ao líder de sua comunidade religiosa que escreva e publique uma carta condenando qualquer perseguição a outras religiões e em nome de Deus. E peça que as pessoas de boa vontade se solidarizem com todos/as os/as que sofrem pela sua fé.