Ontem, fiz minha palestra no Encontro Mundial de Valores (Éticos) no imenso auditório do Parque Fundidora, aqui em Monterrey. O público era muito heterogêneo e eu havia dado o título: Para onde vai Nuestra América. Proposta para uma espiritualidade socialista para o século XXI. Quando recebi a apostila com o texto que enviei, estava corrigido de "espiritualidade socialista" para espiritualidade social para o século XXI. De todo modo, eu disse o que havia pensado: "Esse encontro é sobre valores. No Brasil, valores significa dinheiro vivo, o que revela bem como a sociedade dominante pensa sobre valores. O valor que a sociedade atual mais preza e estimula é a autonomia, compreendida de forma absolutamente individual, independente dos outros e apolítica. Ao mesmo tempo, a sociedade praticamente impede essa autonomia para a imensa maioria das pessoas. Como viver uma verdadeira autonomia na sociedade do desemprego, do estado reduzido ao mínimo e da competição? As multidões na rua mostram que há um descontentamento enorme com relação à realidade atual. Na América Latina, desde o começo do século XXI começou algo novo. O México tem uma importância nesse processo porque foi no México que em 1de janeiro de 1994, começou a rebelião dos índios de Chiapas. Desde então, há um protagonismo dos povos indígenas em todo o continente e, em alguns países, um processo de revolução começou: a revolução bolivariana. É bom compreender o que significa isso e em que consiste. (Aqui expliquei tanto o quanto eu podia). Nesse processo, os cristãos têm uma participação muito importante. Desde o começo. E sua contribuição é a de possibilitar que o processo revolucionário tenha uma expressão ecumênica e espiritual. A revolução não é espiritual por ser cristã ou islâmica ou de qualquer outra religião. É espiritual por ser ética e humana. Mas, a expressão de uma espiritualidade socialista pode ter algumas expressões importantes:
1o - ajudar as pessoas e estruturas a se renovar permanentemente (é o princípio da conversão permanente)
2o - acentuar a dignidade da política e a importância da palavra, não como propaganda e sim como expressão de diálogo e comunicação verdadeira.
3o - unir-se a toda pessoa de boa vontade para inserir-se no processo de cuidado com a natureza e da igualdade de todos os seres humanos, a partir da valorização das culturas.
E assim por diante. Conversei com eles durante uma hora. Parece que gostaram.