Juventude
Estou lendo ou relendo as circulares pósconciliares de Dom Hélder Câmara (cartas circulares que ele escreveu em suas vigílias de oração, escritas ao grupo de seus/suas auxiliares do final de 1965 a 1966. Apesar de falar de problemas do tempo e com linguagem da época, ele consegue ainda nos dizer coisas importantes hoje em dia. Adoro o seu estilo leve e claro, sua abertura para todo tipo de problema humano e seu otimismo com relação à vida. Hoje lia uma carta na qual ele comenta um livro que estava lendo do Aguinaldo Silva, autor hoje conhecido porque é autor de novelas da Globo. O livro é uma visão de Cristo e do cristianismo com uma forte crítica à moral sexual da Igreja. E como o autor parece querer chocar, insiste muito em imagens e narrativas de caráter erótico. Dom comenta isso aceitando e reconhecendo que a Igreja deve rever sua forma de ver a ética sexual.
Hoje, à noite, começará no Recife um encontro do MTC (Movimento de Trabalhadores Cristãos) com jovens filhos de trabalhadores da classe operária para inseri-los no movimento. E eu devo assessorar. O encontro, organizado em três partes (ver, julgar e agir), terá como núcleo mais importante a questão das motivações da juventude para a militância. Como ajudar o jovem a engajar-se em algo assim? Pensei em partir de uma pergunta: O que motiva você a continuar na luta da vida e a ter alegria no presente e apesar de todas as dificuldades, alguma esperança no futuro? Quero ouvi-los sobre isso e depois de escutá-lo tentarei organizar a reflexão em torno de três temas que me parecem necessários para que a juventude possa ter uma linha de vida mais clara: Conviccões claras, sensibilidade e sentimento amoroso e finalmente uma opção de vida. Vamos ver como será esse encontro.