Nesses três dias, em diversas cidades do norte da Itália, me pediram para falar sobre a atualidade da profecia de Dom Helder Camara e Dom Oscar Romero, ambos reabilitados pelo papa Francisco e agora em processo de canonização. Como o tema era sempre a questão da atualidade da profecia hoje na Igreja, tratei disso, cada vez de um modo diferente porque adaptada a cada auditório. Em Ivreia, era gente adulta, em Cuneo, em meio ao auditório de mais de cem pessoas, havia muitos jovens e em Galiate, perto de Novara, mais gente da Caritas e de organismos leigos da Igreja. E Ivréia, (Romano Canavese), tive a surpresa e a alegria de que na hora do encontro chegou Mons. Luigi Bettazzi, 92 anos. Ele foi o único bispo italiano que acompanhou Dom Helder na época do Concílio para fazer a celebração que deu origem ao Pacto das Catacumbas no dia 16 de novembro de 1965 e que escreveu um livro sobre isso. Ele chegou me dizendo: "Saí de Roma no trem das quatro e estou chegando agora para escutar a sua profecia". Aos 92 anos, havia viajado cinco horas para estar ali. Senti-me muito grato e muito emocionado com esse gesto.
Procurei explicar que não devemos mistificar a profecia. Ela é um rumo que damos à nossa vida quando decidimos vivê-la na escuta do que Deus diz a nós e ao mundo. Hoje a profecia é mais comunitária do que uma posição de um ou outro desses pastores bons como Dom Helder e Dom Tomás Balduíno. Hoje, a profecia está nas mãos dos leigos e principalmente de grupos e comunidades que não nos deixam perder a esperança e nos ajudam a nos renovar permanentemente, como dom do Espírito que vem fazer em nossas vidas e no mundo um novo Pentecostes.