Blog Aqui vamos conversar, refletir e de certa forma conviver.

​Conversa, sexta feira, 26 de julho 2013

Uma primeira lição que tiro dessa minha participação (mesmo indireta) na Jornada Mundial da Juventude não diz respeito à jornada como tal e sim ao país em que vivo. Se eu puder, fugirei do Brasil nos dias da próxima copa de futebol em 2014. Meu Deus, que desorganização e falta absoluta de estruturas para acolher muita gente. Ontem, pelo fato de que na praia de Copacabana, se reuniria a multidão dos jovens (há quem diga que chegam a um milhão e meio) junto com o papa Francisco, no Rio, ninguém mais fazia nada nem nada funcionava. Metrô parado das 16 h até às 21 h. Não havia ônibus nem mesmo taxi podia entrar em Copacabana. Eu voltava do meu trabalho no morro de Sta Marta, já mais cedo para evitar isso e fiquei de 18 às 21 horas esperando em Botafogo que abrissem o metrô e eu pudesse embarcar. Assim mesmo, não podiam parar na estação mais próxima de onde estou hospedado e com isso tive de descer na estação seguinte e percorrer cinco ruas absolutamente lotadas de gente (todos muito pacíficos e sem nenhum problema), mas hoje decretei que nao tenho condições de passar pelo mesmo problema. Trabalho aqui e não vou sair para fazer gravações. 

Até aqui, sinto que a simpatia e a simplicidade do papa Francisco não o levaram a nenhuma atitude ou palavra profética. Ele diz que devemos fazer uma sociedade solidária, mas nenhuma palavra sobre como seria isso. Por que não falar da economia solidária ou mesmo que fosse da tal economia de comunhão proposta pelo grupo católico dos folcolarinos? Nada. Tudo vago e genérico. Esteve na favela de Manguinhos, falou no campo de futebol, onde na parede em frente a qual ele estava falando tinha uma grande foto de Dom Oscar Romero. Poderia ter feito uma alusão ao arcebispo mártir. Nada.

Foi a uma capela da favela onde não é paróquia e ali se reune uma comunidade eclesial de base. Seria a oportunidade para apoiar as Cebs. Nada. 

Será que isso é uma estratégia de começo de ministério para não bater de frente com a cúria romana e com o papa emérito? Não sei.  


Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

Informações