Hoje, na Igreja Católica, é a festa do Coração de Jesus. Quando eu era menino, vivia em uma paróquia onde essa era a festa patronal e os padres párocos eram da Congregação do Coração de Jesus. Talvez por isso, eu achava que essa era das festas mais importantes do calendário cristão. Depois do Concílio Vaticano II, essa visão de um Jesus sofredor, com coração aberto pela lança e sempre sofrendo pelos pecados dos homens não tem mais tanta força. Ou tem, se queremos ver sua imagem nos pobres latino-americanos, como diz Jon Sobrino, povo continuamente crucificado pela maldade do Capitalismo selvagem e depredador. Hoje, o Coração de Jesus é um coração bolivariano do povo da Venezuela, sempre ameaçado pelo império de não poder prosseguir com o seu processo revolucionário de libertação. Hoje, o Coração de Jesus é o sofrimento dos migrantes (mais de 45 milhões no mundo), cada vez com menos direitos assegurados e reconhecidos.
Para mim, é bom pensar em Deus como humano e frágil. É bom pensar em Jesus como companheiro de lutas e de dores, tanto sociais, como afetivas e mesmo espirituais. Como dizia Dom Helder: todos nós somos apenas "embaixadores da fraqueza humana". Mas, nessa fragilidade, que bom sabermos que Jesus nos acompanha.
Hoje é aniversário de 80 anos de Anita, uma amiga cuja família acompanho há décadas. Interessante notar isso: os amigos vão chegando aos 80. Isso me lembra que eu mesmo completo 70 esse ano e mesmo se por dentro a gente se sente jovem, algumas diferenças são óbvias. Tento manter-me aberto a tudo o que é humano e em diálogo especificamente com os jovens. Gosto de dialogar com eles e sinto que eles se sentem bem comigo. Graças a Deus.