Queridos irmãos e irmãs,
Estou em Fortaleza onde comecei o retiro com umas 30 pessoas de pastorais populares (Caritas, pastoral da terra, pastoral de crianças, pastoral carcerária e outras). A casa é de uma senhora que adaptou sua casa para fazer dela um local de encontro para movimentos populares - e os/as participantes pessoas que se consagram de coração a esses trabalhos - por missão e por fé e em meio a muitos obstáculos e problemas. Houve um tempo no qual bispos e padres sentiam-se felizes em ter as pastorais sociais em suas dioceses e paróquias. Atualmente, isso é raro. O mais frequente é o padre ou bispo sentir a pastoral popular como algo menos importante na Igreja e há até os que acham que se tratam de ongs. Fico sempre impressionado em ver como esse pessoal da coordenação das pastorais sociais vive sua missão com decisão e convicção. E como representam a profecia e a utopia na Igreja e no mundo. Na espiritualidade judaica tem uma lenda que diz que mesmo quando o mundo está muito mal, Deus perdoa e se reconcilia o mundo porque sabe que existem em algum lugar escondidos dez justos que por sua vida de justiça mantêm o mundo em seu caminho. Penso que na Igreja essas pessoas que coordenam as pastorais populares são essas pessoas justas que por sua vida e sua forma de ser mantêm o mundo vivo e mantêm a esperança do próprio Deus.
Nas Igrejas antigas, hoje é a festa do martírio de São Pedro e São Paulo. Embora a Bíblia não diga nada sobre isso e não exista nenhuma prova, a tradição acredita que esse martírio se deu em Roma e até hoje o papa se proclama sucessor de Pedro. Embora não se possa atestar isso exegeticamente, é bom pensar que a Igreja tem esses dois princípios, o petrino que cuida da organização e o paulino que vela mais pelo carisma e pela missão. Ambos são importantes e um não deve dominar o outro. Mas a alma da Igreja é a missão e a pastoral social.