Hoje, comecei o dia indo até a Câmara Municipal do Recife para atualizar meu cadastro eleitoral - a partir de agora é eletrônico - e assim poder votar como todo cidadão. A maioria das pessoas ali presentes eram pobres e pessoas idosas. Não sei por que. Mas, me deu uma boa impressão de que essas pessoas que nem necessitariam de estar ali (No Brasil, a partir dos 70, o voto é facultativo) estavam ali por uma consciência de cidadania, mesmo se não expressam isso com essas palavras.
Hoje, 1 de outubro, é o dia internacional das pessoas idosas. No Brasil, a população mais velha aumenta a cada ano. Entretanto, a sociedade capitalista é dirigida para quem produz e consome e, portanto, não para as pessoas mais idosas. É importante garantir os direitos das pessoas mais velhas e defender sua autonomia.
Franz Rosenzweig, filósofo judaico do início do século XX, afirmava que a nossa vida é como um dedo apontado. A vida é relação e cada um/uma de nós vive esse mistério da proximidade e da distância (no sentido das diferenças que existem entre nós). O corpo é, de certa forma, igual, ao mesmo tempo é sempre outro. Emmanuel Levinas insistia muito nessa descoberta da alteridade (o outro é irredutível a mim) e nessa proximidade como graça. A partir do encontro, somos atraídos uns para os outros e à medida que olhamos, somos olhados. O olhar não é apenas físico e exterior. Pode ser mais profundo e interiorizado. Vemos não apenas um rosto ou fisionomia, mas nele podemos vislumbrar a fragilidade, as dores e a necessidade que a outra pessoa tem de mim. E eu me torno mais eu quando aceito existir para o outro. Essa é a verdadeira espiritualidade e a dimensão da adoração a Deus vem daí.