Hoje, em Brasília, comecei o dia, fazendo duas entrevistas para o programa "Encontros para o Bom Viver" que coordeno na TV Supren, canal 2 da NET. Hoje entrevistei, em primeiro lugar, o ex-procurador da República, Dr. Cláudio Fontelles. Meu Deus, que homem digno e que vocação. Ele aposentou-se do Ministério Público e dedica toda a sua vida ao serviço voluntário das pessoas mais pobres e adora isso. E como leigo, dá aula de teologia para jovens. E parece que o pessoal adora as aulas dele. Perguntei: você (queria ser chamado por você) acredita que o Estado brasileiro pode servir a todo o povo e principalmente aos mais pobres? Respondeu sem hesitar: Nunca. Nesse sistema atual, não tem condições. Seja quem for o governante, estará aprisionado à economia que está nas mãos da elite e para explorar os mais pobres. E como isso pode mudar?
Através da mobilização popular e da mudança de sistema que alguns países da América Latina estão conseguindo fazer em uma revolução pacífica e democrática.
Interessante porque, imediatamente depois, entrevistei o novo embaixador da Venezuela no Brasil, Dr. Diego Mollero.
Eu fui recebê-lo na porta da televisão: Muito prazer, sou Marcelo Barros.
Para minha surpresa e orgulho, ele me respondeu:
Eu o conheço muito, padre Marcelo. Quem me apresentou a você foi o presidente Hugo Chávez que o tinha em grande consideração, como padre e como pessoa humana.
Meu Deus, que responsabilidade.
A entrevista foi sobre a revolução bolivariana, como ato de amor solidário e opção de servir aos mais empobrecidos.
Finalizei o meu dia, sendo levado, meio por acaso, a uma reunião da maçonaria com algumas entidades de Brasília. O encontro foi sobre o sistema prisional brasileiro. Lá encontrei o Ministro Carlos Ayres de Britto, do Supremo Tribunal Federal e o Dr. Ademar Vasconcelos, juiz do DF. Ele deu uma palestra incrível. Disse claro: O Estado Brasileiro não cumpre as convenções internacionais e não cumpre nem a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o povo brasileiro é levado pelos grandes meios de comunicação a achar que bandido não tem direito e que bandido morto é melhor do que vivo. Como mudar essa barbárie? A reunião foi sobre isso. Eu falei rapidamente sobre a Pastoral Carcerária e sobre a noção de justiça restaurativa que não é só para punir e menos ainda se vingar, mas para restaurar a dignidade da pessoa e a justiça no sentido de que a pessoa possa refazer o que for possível da injustiça cometida e possa ser reeducado.
Uma tarefa gigantesca, mas que temos de enfrentar.