Hoje estou em Verona junto a meus amigos Marco e Roberto que dirigem uma paróquia de artistas e intelectuais no centro de Verona. A temperatura fora de casa é quase zero grau, mas o calor humano nos aquece. Hoje, as Igrejas orientais fazem memória de São Serafim de Sarov, um monge ortodoxo do século XIX no norte da Rússia que para o Oriente significa mais ou menos o que São Francisco de Assis representa para o Ocidente. Serafim vivia em uma floresta e quando encontrava alguém, mesmo que fosse um bandido fugido da polícia, se curvava diante da pessoa e dizia: "Ao ver você, posso confirmar: Jesus Cristo ressuscitou de verdade e está atuando em sua vida. E isso era dito com tal força de convicção que a própria pessoa se sentia chamado a viver essa presença divina que todo ser humano tem em si mesmo, embora não acesse ou não viva de acordo com ela. Serafim era um homem que se tornou irmão universal. Ontem ao conversar com um grupo de umas 200 pessoas em Schio sobre Ecologia e Espiritualidade, alguém me perguntou: Há uma relação entre o silêncio interior, a meditação pessoal e o cuidado com a terra? Respondi que a ecologia ambiental depende da ecologia social (se não há justiça social não haverá nunca justiça ambiental) e também ecologia interior ou mental. A busca da harmonia comigo mesmo é importante na busca da harmonia com o universo.
Aqui fui convidado para participar e falar em um congresso internacional sobre meditação cristã. Em vários países, os centros de meditação cristã foram fundados por Dom Lawrence Freeman, um monge inglês, que nós recebemos uma vez em Goiás e que espalhou pelo mundo essa prática da meditação oriental e da oração no nome de Jesus (diferentemente do terço ortodoxo do padre Marcelo Rossi, ele tem uma base teológica e pede uma relação profunda entre interioridade e compaixão ou solidariedade social). Desde os anos 80, não posso dizer que pratico, mas tento praticar essa meditação, ao menos uma vez por dia e me faz bem.