Hoje em Paris, intelectuais de vários países fazem o que estão chamando de "Cúpula das Consciências". O convite foi feito a partir de uma pergunta: "Por que se importar???". E o tema é o compromisso de toda a humanidade com as mudanças climáticas. Esse encontro de hoje é preparatório ao encontro das pessoas sem poder durante a Cúpula da ONU sobre mudanças climáticas que acontecerá em dezembro desse ano em Paris.
Acho importante o fato de que nessa luta se ressalte a mudança de consciência. Sem essa transformação interior de cada ser humano, dificilmente se conseguirá transformar a sociedade para um estilo de vida mais sustentável. Não gosto do pessoal que diz "mudando o interior de cada um se muda o mundo" porque, infelizmente, não é verdade. O mundo atual tem estruturas (o sistema) que vão além das pessoas. São Paulo dizia na carta aos romanos: "Eu não faço o bem que eu quero. Faço o mal que eu não quero. E se mesmo sem querer, eu faço o mal, já não sou eu que o faço. É o mal que habita em mim" (Rm 7). É o que os evangelhos dizem ao chamar Jesus de "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo", isso é, a iniquidade de um sistema que vai além das pessoas. Mas, é claro que as pessoas são fundamentais e há uma dialética nisso. Não se pode separar. Pessoalmente, eu participo de um grupo de pesquisa e reflexão sobre o novo paradigma ecológico e as mudanças que esse paradigma traz para o mundo. E nesse grupo de pensadores e assessores de movimentos sociais, talvez eu seja o único sem nenhuma especialização em Sociologia ou Ciências Sociais e que participa do grupo tentando aprofundar o que chamamos de "espiritualidade ecológica" que é justamente essa cultura nova (ou a mais antiga de todas) de uma relação de comunhão entre o ser humano e a natureza.