Hoje devo falar para um auditório em Bolzano, na fronteira entre a Itália e a Alemanha. Falar cada dia em um lugar diferente e ter que improvisar em uma língua que não é a nossa, cansa muito. Estou doido para que chegue logo o final de semana e eu possa voltar ao Recife. Mesmo sabendo que chegarei lá e cairei em um mundo de trabalhos e que de forma alguma descansarei, de todo modo, será menos cansativo. Gosto de encontrar pessoas e gosto de poder ajudar os grupos. Só faria isso em um ritmo mais calmo e sem precisar de percorrer, a cada dia, durante três ou quatro horas, essas auto-estradas italianas...
Em alguns lugares, me hospedo em casas paroquiais. Em geral, são grandes, feias e vazias. Quase todas são a expressão de que ali mora um homem solitário e sem família que faz da própria casa um lugar de trabalho. Mesmo se mora ali por muitos anos, parece mais acampar do que verdadeiramente morar. E, entretanto, no Cristianismo primitivo, a casa era sempre a imagem da Igreja doméstica (a Igreja que se reúne na casa de tal pessoa, dizem as cartas de Paulo). Não sei como ajudar os irmãos padres a humanizar mais a sua vida e o seu modo de ver a Igreja.