Hoje é aniversário da Cidade de São Paulo porque as Igrejas antigas celebram nesse dia a festa da conversão do apóstolo Paulo. Tradicionalmente, se compreendia isso como se, até viver aquele episódio narrado no livro dos Atos dos Apóstolos (cap 9), a visão de Jesus ressuscitado, Paulo tivesse sido da religião judaica e a partir daí passasse a ser cristão. Atualmente a exegese nos ensina que o Cristianismo só se separou do Judaísmo nos anos 80 e Paulo viveu e atuou nas décadas de 40 ao final dos anos 50. Isso significa que sua conversão não foi mudança de religião e sim de atitude interior e de modo de viver a fé.
Pessoalmente, me ajuda muito o fato de que os monges beneditinos fazem voto de conversão de costumes. E desde jovem, compreendi isso como o compromisso de me converter permanentemente. Nos mosteiros há uma discussão. Alguns compreendem conversão como conversação, ou seja, viver a conversão em um estilo de vida comunitária. Mas, o próprio termo "conversão" já contém isso: Se é con-versão se dá sempre junto com outros. Aliás são os outros que me levam a me converter a Deus e a eles.
O poeta Rainer Maria Rilke escreveu: "O animal nasce uma vez por todas. O ser humano não é assim. Enquanto viver, nunca nasce totalmente. Diariamente deve enfrentar a exigência de se gerar de novo. As pessoas nunca acabam de nascer e crescer". O processo de conversão se dá quando assumimos isso e decidimos viver isso radicalmente.