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Crucificados/as de hoje

          No mundo atual, são milhões de pessoas, pertencentes a vários povos, de todos os continentes, que vivem como crucificados pelo deus dinheiro e pelos interesses dos países ricos que fazem guerra e querem petróleo e riquezas.   Mesmo a Europa que sofre uma crise de desemprego e pobreza mesmo para os seus filhos naturais, se transformou em um canteiro de campos de concentração onde milhares de migrantes e refugiados são obrigados a sobreviver como se fossem sub-pessoas. Como celebrar a Semana Santa nesse contexto e lembrar que a Cruz de Jesus hoje é vivida por tantos irmãos e irmãs do mundo atual?

              Na República Democrática do Congo, na região de Kassai, a região de onde mais se tiram diamantes no mundo, se encontra o maior campo de refugiados e prófugos de todo o mundo. Calculam-se em 270 mil pessoas que tentam se manter ali e que os governos tratam como prisioneiros em um imenso campo de concentração. Muitos são mandados de volta para suas regiões em guerra. Mandados para morrer. No sul do Sudão, no Kiwu e no próprio Congo que vive uma nova etapa de guerra civil, acentuada desde 2013. Como se trata de um país africano no qual a tragédia já é natural e tradicional, nos nossos países, a imprensa não diz nada. Simplesmente não publica nada. Mas, como não publica que 100 mil pessoas estão morrendo de fome em vários países da África assolados pela seca. 

             Na Europa, somente na Itália se calculam em 180 mil as pessoas refugiadas em 88 campos de refúgio (campos de concentração), vigiados pelo governo e sem direito de sair.  Nos outros países, ainda é pior. Entre a França e a Inglaterra, o campo maior é Pas de Calais, olhando para a Inglaterra do lado de cá do continente. E fica em um lamaçal, um pântano úmido - no qual muitos migrantes - africanos de países tropicais - não suportaram  o inverno e morreram. Muitos outros estão doentes... Quem vê isso???

             Como celebrar a Semana Santa nesse ano a partir dessa realidade, como da realidade do povo brasileiro, roubado no seu direito de previdência social, tendo um governo ilegítimo e ainda sendo informado pelas redes de televisão que deliberadamente o engana? Como fazer memória da Cruz de Jesus, assumindo as nossas lutas de hoje como caminhos de cruz? Podemos nos comprometer em dedicar nossas vidas para deslegitimar esse sistema social assassino e nos comprometermos em estar juntos de todos os que sofrem para tirar da Cruz os oprimidos do Brasil e do mundo. Essa Páscoa pode ser para nós um passo nesse caminho.   

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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