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Domingo da Ressurreição

É uma graça divina que cristãos de todas as Igrejas antigas e também as comunidades judaicas possam esse ano celebrar a Páscoa na mesma data. Cada vez mais sinto a Páscoa como uma profecia em um mundo absolutamente indiferente e mesmo hostil a essa mensagem de que a vida vence a morte e o amor é mais forte do que todas as opressões e injustiças do mundo e do que nossas desilusões pessoais. 

É uma coisa meio doida acreditar em algo que não se vê, não se pode provar e nem mesmo descrever o que é. A ressurreição de Jesus ninguém viu nem testemunhou. Os discípulos e nós somos chamados a sermos testemunhas do Ressuscitado. Ele é quem vem ao nosso encontro, como diz o evangelho de Mateus, veio ao encontro das mulheres amigas que tinham ido ver o túmulo. E ele nos diz como disse a elas: Alegrem-se. 

A alegria é a primeira atitude de quem crê. O Evangelho começa dizendo: Eu lhes anuncio uma grande alegria: Nasceu o Cristo Salvador. E termina dizendo: Alegrem-se. O Senhor ressuscitou. A alegria da fé não é apenas um sentimento, mas uma revelação, uma espécie de transfiguração como Jesus revelou no evangelho. Ele ia para Jerusalém sofrer, mas conseguiu que os olhos dos discípulos vissem na sua pessoa simples e pobre a presença luminosa de Deus. 

Nesses dias, em um hospital público da Itália eu me senti chamado (como que obrigado por minha fé) a transformar as três semanas que passei depois da cirurgia de fratura do fêmur em uma experiência pascal de abertura aos outros, acolhida às pessoas, amor alegre. Mesmo dormindo em um quarto coletivo com quatro pessoas anciãs e dependentes, mesmo sob uma disciplina de hospital público e em uma ala antiga do hospital não muito cômoda, a acolhida e o amor às pessoas faziam os dias mais leves e a experiência uma força pascal. 

Aos filipenses, Paulo escreve: Alegrai-vos. Eu repito: alegrai-vos. O Senhor está perto. É esse o nosso grito de Páscoa. Aleluia.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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