Entramos na chamada Semana da Pátria. Jornais internacionais e agências de notícia chamam a atenção para o fato de que o governo brasileiro entrega a Amazônia às empresas mineradoras para destruírem o que quiserem, contanto que paguem bem. Há quem diga que elas estão finalmente apresentando a conta e o Temer tem de pagar pelos votos que garantiram sua permanência no poder.
Enquanto isso, o povo continua aparentemente calado. Como diz a querida irmã Ivone Gebara, "a luta é dura e as pessoas estão garantindo a sobrevivência cotidiana". De todo modo, nessa semana e especialmente no dia 07, os movimentos populares e pastorais sociais vão às ruas em todo o Brasil no 23o Grito dos Excluídos. O tema é "Vida em primeiro lugar". Nunca foi tão importante essa manifestação que possa mostrar que o povo não está apático e indiferente ao que está acontecendo. É pena que a presidência da CNBB convocou os católicos para um dia de oração, jejum e silêncio... sem nenhuma menção ao Grito dos Excluídos. Dom Guilerme Werlang, presidente da Comissão de Pastorais Sociais, falando em nome da CNBB, convidou todos ao Grito, mas, em relação à CNBB, foi voz que clama no deserto.
Na Bíblia, o profeta é chamado à oração e à intimidade com Deus, mas não para depois ficar em silêncio e se omitir esperando alguma intervenção milagrosa do céu e sim agindo e gritando pela justiça. Se não, a sua oração seria vergonhosamente alienada e desrespeitadora de Deus.
A cada irmão e irmã que vai ao Grito, dedico essa antiga bênção atribuída aos celtas:
"Deus Amor te dê, para cada tempestade, um arco-íris; para cada lágrima, um sorriso de amor, para cada preocupação, uma visão nova e uma ajuda na dificuldade. Para cada problema que a vida te manda, um amigo ou amiga para vivê-lo contigo. Para cada um suspiro, um cântico carinhoso e uma resposta positiva à tua prece. Agora e sempre. Amém".